O Split Payment representa uma das mudanças mais significativas introduzidas pela Reforma Tributária no Brasil. Este mecanismo, que entrará em vigor com a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), alterou fundamentalmente a sistemática de arrecadação tributária, no qual o valor devido de imposto é separado do valor da transação no momento do pagamento.
Em essência, o Split Payment pode ser definido como um mecanismo no qual, ao se realizar uma compra ou transação, o valor correspondente ao tributo é automaticamente direcionado para uma conta governamental específica, enquanto o restante do montante é repassado ao vendedor ou prestador de serviço
Como o Split Payment vai funcionar na prática?
No sistema atual, as empresas recebem o valor integral das vendas, incluindo os tributos, e posteriormente recolhem esses valores ao Fisco, geralmente entre 45 e 50 dias após a transação.
Com a implementação da reforma tributária, esse mecanismo mudou. Com o Split Payment haverá a separação e o recolhimento automático do tributo no momento da operação.

Ou seja, quando o cliente realiza uma compra e efetua o pagamento, o sistema financeiro automaticamente separa o valor da transação em duas partes: a parcela correspondente aos tributos (IBS e CBS) é enviada diretamente para o governo, enquanto o valor líquido, já descontado dos tributos, é creditado na conta da empresa vendedora.
Esta mudança representa uma antecipação significativa no recolhimento dos tributos, impactando diretamente o capital de giro das empresas que hoje utilizam esse intervalo de tempo para financiar suas operações.
Impactos do Split Payment
A aplicação do Split Payment trará consequências diretas para o fluxo de caixa das empresas brasileiras.
Entre os principais impactos, destacam-se:
1. Redução da liquidez imediata
Com o recolhimento automático dos tributos no momento da transação, as empresas deixarão de contar com esses valores em seu caixa por um período que, atualmente, pode chegar a 50 dias ou até mais. Essa redução na liquidez imediata exigirá um replanejamento financeiro, especialmente para empresas que operam com margens estreitas.
2. Necessidade de capital de giro adicional
Para compensar a redução na liquidez, muitas empresas precisarão aumentar seu capital de giro, seja por meio de recursos próprios ou financiamentos. Isso pode representar um custo adicional, especialmente em um cenário de juros elevados.
3. Impacto variável conforme o setor e modelo de negócio
O impacto do Split Payment será sentido de maneira diferente em cada setor.
- Comércio varejista e e-commerce: Setores com alta rotatividade de estoque e margens reduzidas, sentirão mais intensamente os efeitos da antecipação tributária.
- Prestadoras de serviços: geralmente têm menor necessidade de capital para estoque, podem enfrentar desafios relacionados ao aumento da carga tributária.
- Setor industrial: com ciclos produtivos mais longos, precisará adaptar seu planejamento financeiro para acomodar a nova realidade de fluxo de caixa.
- Empresas do agronegócio: com ciclos sazonais de produção, terão que ajustar seu planejamento financeiro considerando os períodos de entressafra.
- Setor de transportes: enfrentará desafios específicos, como a possível incidência do Imposto Seletivo sobre os veículos.
Possíveis benefícios do Split Payment
Apesar dos desafios, o Split Payment também pode trazer alguns benefícios para o ambiente de negócios:
1. Redução da sonegação fiscal e concorrência desleal
A automatização do recolhimento tributário dificulta práticas de sonegação, criando um ambiente de negócios mais equilibrado.
2. Simplificação do cumprimento das obrigações tributárias
Com o recolhimento automático, as empresas terão menos processos manuais relacionados ao pagamento de tributos, reduzindo custos administrativos e riscos de erros.
3. Maior previsibilidade tributária
O novo sistema tende a trazer maior previsibilidade tributária, permitindo um planejamento financeiro mais preciso no médio e longo prazo.
Estratégias para mitigar os impactos do Split Payment
Diante desse novo cenário, as empresas precisarão adotar estratégias para minimizar os impactos negativos do Split Payment em suas operações.
Algumas alternativas incluem:
1 . Revisão da estrutura societária e operacional
Uma das estratégias que já vem sendo adotada por empresas é a revisão de suas estruturas societárias. Em alguns casos, pode ser mais vantajoso separar diferentes atividades em CNPJs distintos para otimizar a eficiência fiscal.
Por exemplo, uma empresa de varejo que também possui estrutura logística própria pode considerar a separação dessas atividades em duas empresas distintas: uma focada no varejo e outra na logística e entrega de produtos.
2. Ajustes na política de preços e margens
A antecipação do recolhimento tributário pode exigir uma revisão nas políticas de preços e margens das empresas. Será necessário considerar o custo financeiro adicional decorrente da redução da liquidez no cálculo das margens de lucro.
3. Otimização da gestão de créditos tributários
Com o novo sistema, a gestão eficiente dos créditos tributários se tornará ainda mais importante. As empresas precisarão implementar processos robustos para garantir a recuperação rápida e integral dos créditos a que têm direito.
4. Implementação de ferramentas de gestão financeira mais sofisticadas
O Split Payment aumentará a complexidade da gestão financeira, exigindo ferramentas mais sofisticadas para projeção de fluxo de caixa, gestão de capital de giro e planejamento tributário.
Conclusão: Preparando-se para uma nova realidade tributária
O Split Payment representa uma mudança paradigmática na forma como as empresas brasileiras lidarão com suas obrigações tributárias. Embora traga desafios significativos, especialmente relacionados ao fluxo de caixa, também oferece oportunidades para empresas que se adaptam rapidamente ao novo cenário.
A antecipação e o planejamento serão fundamentais nesse processo de transição e reorganização. Empresas que compreenderem profundamente os impactos do Split Payment em seus negócios e implementarem estratégias eficazes de adaptação estarão melhor posicionadas para prosperar no novo ambiente tributário brasileiro.
A Fiscoplan está preparada para auxiliar sua empresa nessa jornada de adaptação, oferecendo consultoria especializada em planejamento tributário, gestão financeira e implementação de soluções tecnológicas adequadas ao novo cenário da Reforma Tributária.
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